Marcos: - Acho que não. Ele deve estar querendo assustar vocês. Além disso, você já tem dezessete anos, a idade mínima para o menor optar por viver com um dos pais é de doze anos. A justiça vai analisar o caso, o juiz vai te ouvir na própria audiência, onde se discute a guarda. Não fique preocupada, a opinião do menor é de extrema relevância.
Eu: - Não é patético, que meu pai queira pedir a minha guarda, se já tenho dezessete anos?
Marcos: - E como sua mãe está reagindo a isso? Ela já sabe que você sabe do caso?
Eu: - Se sabe, ela não comenta. Ela não quer me deixar preocupada. Passa lá em casa hoje à noite. Quem sabe ela não se anima?
Marcos: - Você está me convidando para ir à sua casa?! Está tudo bem com você?
Eu: - Nossa que engraçado!! Tô falando sério! Eu não disse que não ia mais me importar de você namorar minha mãe?
Marcos: - Disse, e eu acredito, mas hoje eu não posso.
Eu: - Por quê?
Marcos: - Tenho um compromisso de trabalho e não posso faltar.
Eu: - Que tipo de compromisso?
Marcos: - Do tipo: não posso falar pra você.
Eu: - É confidencial?
Marcos: - Não, é pessoal. E se der tudo certo a minha vida vai mudar.
Eu: - Você está traindo a minha mãe? Se você estiver traindo a minha mãe!...
Marcos: - Emi, vai para casa, e pare de imaginar coisas.
Eu: - Então tchau.
Marcos: - Tchau.
Fui para casa, mas o que Marcos falou havia me deixado com uma pulga atrás da orelha. E se ele estiver traindo a minha mãe? - eu pensei. Então me ocorreu uma ideia não tão mirabolante, mas era a melhor que eu tinha.
Kássio: - Você vai seguir o Marcos? Ficou louca?
Eu: - Não, eu não fiquei louca, e sim, eu vou seguir o Marcos. Eu tenho que fazer isso. Não posso permitir que ele enfeite a cabeça da minha mãe!
Kássio: - Mais uma vez você está tirando conclusões precipitadas.
Eu: - Não estou, meu amor. Quando o convidei para ir à minha casa ele disse que não podia. Disse que tinha um compromisso de trabalho, depois disse que era pessoal. E disse ainda que se tudo der certo a vida dele vai mudar. Você não acha isso estranho?
Kássio: - Estranho é, mas não significa que ele esteja traindo a sua mãe.
Eu: - Kássio, meu amor, você é muito ingênuo. Como você não percebe que é verdade o que eu estou dizendo?
Kássio: - Emi, meu amor, você está imaginando coisas!
Eu: - Por que todo mundo diz que eu imagino coisas?
Kássio: - O cara caiu em contradição e você já saiu imaginando coisas. E se ele tivesse falando de alguma coisa que envolva a sua mãe, mas que não seja colocar chifres na cabeça dela?
Eu: - Pode ser! Você sempre consegue clarear as minhas ideias. Como você faz isso?
Kássio: - É fácil, eu conheço você melhor do que ninguém.
Eu: - E eu te amo por isso.
Kássio: - Também te amo. Não conseguiria viver longe de você.
Eu: - E você não vai ficar longe de mim, porque o meu pai não pode me tirar daqui se eu não quiser. O Marcos me disse isso. Não foi exatamente assim, mas ele me disse. Não se preocupe porque se ele me levar eu fujo e ele nunca mais vai me ver. Só você.
Kássio: - Não Emi, não quero que você fuja. Lembra da última vez que você fugiu?
Eu: - Tem razão. Então o que eu faço?
CONTINUA...
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