sábado, 20 de julho de 2013

Tempos de Colegial Capítulo 77

Desafios de confiança e decisões 


Marcos me olhou com uma expressão calma, mas firme, tentando me tranquilizar. – Acho que não. Ele deve estar querendo assustar vocês. Além disso, você já tem dezessete anos. A idade mínima para o menor optar por viver com um dos pais é de doze anos. A justiça vai analisar o caso, e o juiz vai te ouvir na própria audiência, onde se discute a guarda. Não fique preocupada, a opinião do menor é de extrema relevância.  

Cruzei os braços, sentindo a indignação crescer dentro de mim. – Não é patético que meu pai queira pedir a minha guarda, se eu já tenho dezessete anos?  

Marcos inclinou a cabeça, pensativo. – E como sua mãe está reagindo a isso? Ela já sabe que você sabe do caso?  

Suspirei, frustrada. – Se sabe, ela não comenta. Ela não quer me deixar preocupada. Passa lá em casa hoje à noite. Quem sabe ela não se anima?  

Ele arqueou uma sobrancelha, surpreso. – Você está me convidando para ir à sua casa?! Está tudo bem com você?  

Revirei os olhos, irritada. – Nossa, que engraçado! Tô falando sério! Eu não disse que não ia mais me importar de você namorar minha mãe?  

Marcos deu um sorriso de canto. – Disse, e eu acredito. Mas hoje eu não posso.  

– Por quê? – Perguntei, desconfiada.  

– Tenho um compromisso de trabalho e não posso faltar. – Ele respondeu, desviando o olhar.  

– Que tipo de compromisso? – Insisti, cruzando os braços.  

– Do tipo: não posso falar pra você. – Ele respondeu, com um tom evasivo.  

– É confidencial? – Perguntei, estreitando os olhos.  

– Não, é pessoal. E se der tudo certo, a minha vida vai mudar. – Ele disse, com um sorriso enigmático.  

Meu coração disparou. – Você está traindo a minha mãe? Se você estiver traindo a minha mãe...  

Marcos suspirou, exasperado. – Emi, vai para casa e pare de imaginar coisas.  

Bufei, irritada. – Então tchau.  

– Tchau. – Ele respondeu, com um aceno breve.  

Fui para casa, mas as palavras de Marcos não saíam da minha cabeça. Algo não fazia sentido. E se ele estivesse traindo a minha mãe? A ideia me corroía por dentro. Então, uma ideia – não tão mirabolante, mas a melhor que eu tinha – surgiu na minha mente.  

– Você vai seguir o Marcos? Ficou louca? – Kássio perguntou, incrédulo, quando contei meu plano.  

– Não, eu não fiquei louca. E sim, eu vou seguir o Marcos. Eu tenho que fazer isso. Não posso permitir que ele enfeite a cabeça da minha mãe! – Respondi, determinada.  

Kássio suspirou, balançando a cabeça. – Mais uma vez você está tirando conclusões precipitadas.  

– Não estou, meu amor. Quando o convidei para ir à minha casa, ele disse que não podia. Disse que tinha um compromisso de trabalho, depois disse que era pessoal. E ainda disse que, se tudo der certo, a vida dele vai mudar. Você não acha isso estranho? – Argumentei, tentando convencê-lo.  

Ele hesitou por um momento. – Estranho é, mas não significa que ele esteja traindo a sua mãe.  

– Kássio, meu amor, você é muito ingênuo. Como você não percebe que é verdade o que eu estou dizendo? – Perguntei, frustrada.  

Ele segurou minhas mãos, tentando me acalmar. – Emi, meu amor, você está imaginando coisas!  

– Por que todo mundo diz que eu imagino coisas? – Retruquei, irritada.  

Kássio sorriu, com paciência infinita. – O cara caiu em contradição e você já saiu imaginando coisas. E se ele estivesse falando de alguma coisa que envolva a sua mãe, mas que não seja colocar chifres na cabeça dela?  

Parei por um momento, considerando suas palavras. – Pode ser! Você sempre consegue clarear as minhas ideias. Como você faz isso?  

Ele riu, acariciando meu rosto. – É fácil. Eu conheço você melhor do que ninguém.  

Sorri, sentindo meu coração se aquecer. – E eu te amo por isso.  

– Também te amo. Não conseguiria viver longe de você. – Ele respondeu, com sinceridade.  

– E você não vai ficar longe de mim, porque o meu pai não pode me tirar daqui se eu não quiser. O Marcos me disse isso. Não foi exatamente assim, mas ele me disse. Não se preocupe, porque se ele me levar, eu fujo e ele nunca mais vai me ver. Só você. – Declarei, com determinação.  

Kássio segurou meu rosto, olhando nos meus olhos. – Não, Emi. Não quero que você fuja. Lembra da última vez que você fugiu?  

Suspirei, lembrando do caos que havia causado. – Tem razão. Então o que eu faço?  

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