domingo, 13 de abril de 2014

Tempos de Colegial Cap. 81

Kássio: - A gente já não conversou o suficiente?
Antônio: - Filho, eu não vim aqui para brigar.
Eu: - Ãhhh, desculpa, vou deixá-los a sós para que conversem a vontade. Com licença.
Saí para deixá-los a vontade, mas não queria fazê-lo. Seja o que for que o senhor Antônio tenha vindo falar, afeta também a mim porque ele ainda tem influência sobre meu Kássio. E tenho medo de que ele o convença a desistir de nós dois. Como fez da outra vez.
Antônio: - Você tem que voltar para casa, meu filho.
Kássio: - Eu acho que o senhor deixou muito claro da última vez que conversamos. "Minha casa, minhas regras", não foi isso o que você disse? Bem, eu simplesmente cansei de ser seu fantoche, papai. Eu não vou abrir mão da garota que eu amo só por causa...
Antônio: - Kássio, eu não acho que ela seja a garota certa para você, mas também não vou mais interferir no seu relacionamento com ela nem na sua vida. A sua mãe me fez ver que eu estava agindo errado, filho. Eu só quero que você volte para casa, para junto da sua família.
Kássio: - Não, eu não vou voltar. Emília e eu vamos nos casar e constituiremos nossa própria família.
Antônio: - Casar? Você ainda nem se formou. Filho, você não pode...
Kássio: - Posso sim, pai. Não só posso como vou. A Emi é a garota que eu amo e, mesmo depois de casados não vamos deixar de estudar. Eu jamais iria querer que ela fizesse isso, e sei que ela pensa o mesmo sobre mim. Eu sei que vai ser difícil, mas a vida é assim.
Antônio: - Não foi essa a vida que eu quis para você.
Kássio: - Eu sei, mas é a vida que eu escolhi e não vou abrir mão dela.
Antônio: - Filho, você não vai dar conta...
Kássio: - É claro que vou. Você me criou para ser um homem forte e trabalhador, não foi? Eu posso porque eu quero e vou conseguir. Só peço que não interfira mais na minha vida, pai, porque não vou permitir.
Antônio: - Não vou, mas quero que saiba que quando você precisar de ajuda não hesite em me procurar.
Kássio: - Não vou precisar de ajuda. Agora, se me der licença, tenho que procurar um trabalho.
Antônio: - Você não precisa procurar trabalho, se quiser pode trabalhar na empresa da nossa família.
Kássio: - Eu não sei.
Antônio: - Você pode pelo menos pensar?
Kássio: - Talvez.
Antônio: - Consulte a sua namorada, se ela realmente quer o melhor para você, ela sabe que isso é o melhor.
O pai dele foi embora, mas conseguiu o que queria, seja lá o que for. Agora meu Kássio está em dúvidas sobre trabalhar ou não na empresa da família dele. Por um lado eu acho isso bom porque ele vai ficar perto do pai, mas por outro lado não gosto do jeito como o pai dele ainda consegue influenciar as decisões do Kássio. Não quero que o senhor Antônio o afaste de mim outra vez, mas não posso interferir na relação deles, como o pai dele faz com a nossa.
Eu: - Amor, você vai aceitar trabalhar com o seu pai?
Kássio: - Eu não sei se vou aceitar, mas conversei com a minha mãe e ela disse que eu deveria. Todo mundo me diz para trabalhar na empresa porque um dia vai ser minha e da minha irmã, mas não sei se quero seguir os passos do meu pai.
Eu: - Quer saber a minha opinião? Acho que você deveria aceitar essa oportunidade até conseguir um emprego que você goste. Não que eu esteja de acordo com o seu pai, mas é o seu futuro, e eu não quero... eu quero que saiba que eu vou te apoiar no que você decidir.
Kássio: - Se eu aceitar, estarei provando para ele que não posso vencer por mim mesmo, mas...
Eu: - Mas você não quer decepcionar a sua mãe. Não pense nisso como uma escolha definitiva, pense como se fosse um trabalho temporário. Tipo esses que a gente consegue no fim do ano. Isso é engraçado!
Kássio: - O quê?
Eu: - Eu só tenho dezessete anos e já estou planejando o meu futuro, estou procurando um emprego... eu não sou normal!
Kássio: - Se você está arrependida, a gente pode adiar o casamento.
Eu: - Não! Eu não estou arrependida. Eu sei o que eu quero. Eu quero ficar com você.
Kássio: - Eu também quero ficar com você.
Eu: - Ok, queremos ficar juntos e vamos, mas estamos atrasados para a aula.
Ainda bem que conseguimos vagas para estudar pela manhã, que o tempo parece passar mais rápido, porque não estou com cabeça para estudar. A verdade é que não paro de pensar no que o senhor Antônio propôs ao meu Kássio.
Andreia: - Terra chamando Emi! Você está distante hoje. O que aconteceu?
Eu: - Er... O quê? Do que está falando? Eu estava prestando atenção na aula.
Andreia: - Não, não estava. Eu estava e olha que isso não é coisa que aconteça sempre.
Eu: - O pai do Kássio veio falar com ele.
Andreia: - A coisa tá feia?
Eu: - Eu não sei... quero dizer, eu não tenho certeza.
Andreia: - E se você falar com ele?
Eu: - Já falei com ele, Andy. Caso você não saiba, ele está morando na minha casa. Temos tempo de sobra para conversar.
Andreia: - E otras cositas más!
Eu: - Andy!
Andreia: - Que foi? Até parece que não pensaram nisso! Voltando ao assunto, que aliás, eu não estava falando do Kássio, e sim do pai dele.
Eu: - Você acha que eu devo falar com ele? Andy, não brinca comigo, por favor!
Andreia: - Não estou brincando, amiga. Talvez você possa convencê-lo de que você não pretende arruinar a vida do filho dele.
Eu: - Eu tenho medo.
Andreia: - Medo de quê?
Eu: - Tenho medo de que o pai dele esteja certo. Também tenho medo de que o Kássio não goste que eu faça isso. A gente já discutiu uma vez por causa do pai dele. Por que a vida tem que ser tão difícil?
Andreia: - Talvez seja isso que a torna melhor. Qual é, Emi? Você não tem nada a perder.
Eu: - Você tem razão.
Segui o conselho da Andreia e tentei falar com o sr. Antônio, mas ele não estava no escritório. Ou, provavelmente, não quis me receber. Em todo o caso, eu não desisti tão facilmente. Fiquei esperando até o fim do expediente, quando estava indo e o vi sair do escritório. Ele tentou passar sem ser percebido, mas eu já tinha o visto.
Eu: - Com licença, sr. Antônio. A gente pode conversar?
Antônio: - Vamos ao meu escritório. Você tem cinco minutos.
Eu: - Eu queria falar sobre o Kássio.
Antônio: - E do que mais a gente poderia falar? Eu não tenho nenhum outro assunto em comum com você. E nem quero.
Eu: - Por que o senhor me odeia? Eu não entendo, tudo o que eu fiz foi me apaixonar pelo seu filho.
Antônio: - Você não serve para ele. O meu filho merece uma moça da classe dele. Não uma pobretona feito você.
Eu: - Pobretona? Então esse é o problema? Ai meus Deus, que estupidez!
Antônio: - Como ousa me insultar?
Eu: - A verdade dói, não é? Eu sei que não é da sua conta, mas eu vou contar umas coisinhas sobre a minha família.
Antônio: - Não me interessa saber da sua família.
Eu: - Mas eu contarei mesmo assim. Pro seu governo, o meu pai é dono de uma rede de lojas com filial em Paris e, recentemente abriu outra filial na Alemanha. Minha mãe trabalha porque quer, já que ela não precisa, pois os pais dela deixaram uma herança bem gorda para ela. E sabe do que mais? Se fizer as contas, você vai ver que meus pais têm mais dinheiro do que você. Mas em uma coisa você tem razão, eu sou uma pobretona. Não tenho herança nem lojas, mas tenho uma família, que apesar de estar separada e uma parte longe, me ama pelo que eu sou e não pelo dinheiro. Eles não me vêem como um investimento. Me vêem como a pessoa que eu sou mesmo que algumas vezes eu faça coisas que os desagrade, tipo casar-me com o seu filho. Que foi? Achou que fosse o único contra o nosso casamento? A diferença entre você e meus pais é que eles me apoiam mesmo não concordando com essa decisão. Agora eu já vou porque já falei demais. Tenha um bom dia.
Não gosto de falar sobre o dinheiro da minha família, mas quando fico nervosa tendo a falar demais. E não consegui me controlar.
Quando cheguei em casa minha mãe e o Kássio já estavam me esperando na cozinha com cara de poucos amigos. Era estranho ver os dois juntos contra mim sabendo que minha mãe não aceitava nosso relacionamento.
Mesmo assim eu já sabia o que estava por vir.
Kássio: - Me diga que não é verdade.
Eu: - O quê?

CONTINUA...

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