sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Tempos de Colegial Capítulo 51

Corações em conflito 


— Me proteger? — perguntei, minha voz carregada de sarcasmo e dor. — Me proteger do quê? Ah, já sei, da sua irmã maluca e do seu pai autoritário, não é? Pois saiba, Kássio, que eu não preciso da sua proteção! Eu não sou uma bonequinha de louça que quebra ao menor toque! 

Ele deu um passo na minha direção, o olhar suplicante.

— Emi, por favor...

Mas eu o interrompi antes que pudesse continuar.

— Por favor nada! Nunca mais fale comigo, Kássio. Se você tivesse me dito que estava confuso, perdido ou qualquer coisa do tipo, talvez eu pudesse entender. Mas você escolheu o seu pai, ao invés de mim. Isso... — minha voz tremeu, mas eu mantive a firmeza. — Isso eu não posso perdoar. Pelo menos, não agora.

— Emi... — Ele disse meu nome com uma dor que quase me desarmou.

Fechei os olhos, tentando manter o controle sobre mim mesma.

— Me desculpa, Kássio. Por favor, vai embora. Sai daqui.

Antes que ele pudesse responder, uma voz familiar cortou o ar.

— Achei você! Te procurei o salão inteiro. — Era Euzielen, com um sorriso satisfeito nos lábios. — Ah, é você! 

Revirei os olhos, exasperada.

— Sou eu sim. E daí?

Ela deu de ombros, o tom carregado de cinismo.

— Nada, pelo visto o Kássio te chutou de novo.

A fúria queimou em meu peito, mas antes que eu pudesse responder, Kássio a cortou.

— Para com isso, Euzi. Vamos sair daqui. — Ele lançou um último olhar para mim antes de se virar. — Tchau, Emi.

E então ele foi embora, levando consigo um pedaço de mim que eu estava tentando recuperar. Aproximei-me de um canto do salão, tentando manter a compostura, mas logo ouvi outra voz, desta vez mais gentil.

— Emi, você está aí? — Era Sami, minha irmã, com um tom preocupado.

— Estou sim.

Ela se aproximou, seus olhos examinando meu rosto.

— O que foi? Por que você está chorando?

Tentei sorrir, mas falhei miseravelmente.

— O Kássio me explicou por que terminou comigo.

— E você o perdoou? — perguntou ela, hesitante.

Eu balancei a cabeça, incapaz de esconder a dor em minha voz.

— Não. Eu não posso perdoá-lo.

Levantei-me, afastando as lágrimas com as costas das mãos.

— Vou ao banheiro lavar o rosto.

— Eu vou com você — disse Sami, mas eu levantei a mão, interrompendo-a.

— Não precisa, vai curtir a festa, minha irmã. Não quero estragar a sua noite. Não hoje que o Miguel não para de olhar para você.

Ela corou, uma pequena luz de felicidade iluminando seus olhos.

— Mas você vai ficar bem?

— Vou sim, não se preocupe — menti, com um sorriso fraco.

Sami hesitou, mas acabou assentindo.

— Se é assim, eu vou indo.

De cabeça baixa, caminhei em direção ao banheiro, minha mente girando com tudo que tinha acontecido. Então, de repente, trombei com alguém. Levantei o olhar e encarei o novo aluno, Noel.

— Opa! — disse ele, com um sorriso fácil. — Por que essa coisinha linda está tão triste?

Minha paciência, já esgotada, finalmente rompeu.

— Coisinha é a sua mãe! — retruquei, cruzando os braços.

Ele riu, como se minhas palavras tivessem o divertido em vez de ofendido.

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