Entre verdades e provocações
— Uma garota como eu?! — perguntei, arqueando as sobrancelhas, desafiadora.
Noel abriu um sorriso despreocupado, aquele tipo de sorriso que parecia carregar a resposta para tudo.
— Sim, linda, sincera, inteligente... — Ele fez uma pausa dramática e completou com um tom provocador. — Etc, etc, etc.
Cruzei os braços, sem esconder minha irritação.
— Por que tanto "etcetera"? — rebati, estreitando os olhos.
— Porque você é uma garota com tantas qualidades que seria injusto enumerar apenas algumas — respondeu ele, com uma piscadela que, confesso, quase me desarmou.
— E o que você pensa que vai conseguir com todos esses elogios? — perguntei, tentando manter meu tom firme.
Ele deu de ombros, casual.
— Nada. Foram apenas elogios. Não posso reconhecer algo que é tão óbvio?
Revirei os olhos, mas não consegui evitar um sorrisinho de canto.
— Se me der licença, tenho que ir ao banheiro.
— Claro! A gente se vê por aí — disse ele, com aquela despreocupação natural que me deixava ainda mais desconcertada.
Comecei a me afastar, mas ele não resistiu.
— Beijo, linda!
Balancei a cabeça, tentando ignorar o calor que subiu ao meu rosto. No fim das contas, Noel estava começando a se mostrar menos irritante, arrogante e prepotente do que eu imaginava. Mas, ao mesmo tempo, minha mente não parava de martelar: será que ele estava só tirando sarro de mim?
Na saída do banheiro, lá estava ele de novo, encostado na parede como se tivesse todo o tempo do mundo.
— Estava me esperando, Noel Torres? — perguntei, cruzando os braços, já antecipando sua resposta.
— Noel, gata. Só Noel — corrigiu ele, com um sorriso cheio de charme.
Suspirei, impaciente.
— Tudo bem, Noel. Você não me respondeu. Estava me esperando ou não?
Ele ergueu as mãos, como se estivesse se rendendo.
— Tudo bem, eu confesso! Você é linda e não merece ficar se desgastando por causa daquele... feioso.
Engoli em seco, mas não queria dar espaço para mais uma rodada de conversa sobre meu ex.
— Por favor, não quero falar sobre ele.
Noel inclinou a cabeça, estudando-me com curiosidade.
— Então vamos falar de você. O que gosta, o que faz, o que te faz sorrir... — Ele deixou a pergunta no ar, como se estivesse sinceramente interessado.
— É sério que você não vai me deixar em paz? — perguntei, exasperada.
— Estou incomodando? — perguntou ele, seu tom levemente divertido.
Assenti, minha irritação visível.
— Está. Minhas amigas estão dançando, meu ex está se divertindo com minha ex-amiga, e eu estou aqui... com você.
Ele fingiu estar ofendido, mas não conseguiu esconder o brilho travesso nos olhos.
— O que tem de errado em estar comigo?
— Olha, você é modelo, é bonito, atraente, é... — Minha voz falhou por um momento, mas tentei disfarçar.
Ele sorriu largamente, como se esperasse exatamente isso.
— Opa! Bonito e atraente? Então eu te atraio!
— Não foi isso que eu quis dizer! — respondi apressadamente, sentindo meu rosto corar.
— Não precisa explicar, Emi. Eu já entendi.
Ergui o queixo, desafiadora.
— Entendeu o quê? Eu não falei nada!
— E nem precisa — disse ele, com um sorriso confiante que me dava nos nervos. — Você está caidinha por mim, que eu sei!
Soltei uma risada incrédula, balançando a cabeça.
— Como você é petulante, garoto! Vê se te enxerga! Eu? Caidinha por você?
O sorriso provocador dele permaneceu, e isso só fazia meu coração bater mais rápido, para minha irritação.
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