domingo, 26 de agosto de 2012

Tempos de Colegial Capítulo 55

Entre Distâncias e Confissões


A voz dela saiu como um sussurro trêmulo.  
– Eu não sei o que fazer, Emi... Me ajuda. Ele vai passar cinco anos fora, vai conhecer outras garotas... Vai me esquecer.  

Suspirei, tentando encontrar algo que pudesse aliviar a dor que transbordava das palavras de Danile.  
– Talvez não. Quem sabe o que o futuro guarda?  

Ela enxugou os olhos apressadamente, como se não quisesse que ninguém visse sua fragilidade.  
– Não consigo ficar aqui. Quero ir para casa.  

Queria muito acompanhá-la, mas sabia que não podia.  
– Dani, eu adoraria ir com você, mas preciso cuidar de tudo por aqui.  

Um sorriso triste ensaiou surgir no rosto dela.  
– Você lutou muito para que isso acontecesse, Emi, merece aproveitar.  

Abracei-a com força antes que partisse.  
– Promete que vai ficar bem? Assim que isso aqui terminar, vou correndo te encontrar.  

Ela assentiu, mas a dor era evidente.  
– Não se preocupe comigo. Vou ficar legal.  

Olhei-a nos olhos, firme.  
– Vou me preocupar, sim. Quando eu estava na pior, vocês estiveram lá pra mim. Agora é minha vez de fazer o mesmo. Sempre que precisar, vou estar aqui.  

A despedida foi breve. Dani se afastou enquanto Sami a observava, preocupada.  
– Ela já vai?  

– Vai. Não está se sentindo bem e quer ir pra casa.  

– Quer que eu vá com ela?  

– Não precisa. Disse que consegue ir sozinha.  

Sami suspirou.  
– Qualquer coisa, ela sabe que pode ligar, né?  

– Claro.  

Ficamos em silêncio por um momento, até que Sami quebrou o gelo com uma pergunta hesitante.  
– O que aconteceu com ela?  

– O garoto que ela gosta foi embora.  

– Coitada da Dani.  

Assenti, sentindo o peso do que ela carregava.  
– Eu sei como ela se sente. Sofro com o Kássio aqui, tão perto. Imagine ela, com o Marcelo tão longe.  

Antes que a conversa se prolongasse, Márcia apareceu animada, convocando-nos de volta.  
– O que estão fazendo aqui? A festa tá rolando lá dentro!  

Sami virou-se para mim.  
– Você não vem?  

– Vai na frente, Sami. Vou depois.  

– Não demora.  

Ela partiu, mas eu fiquei, incapaz de voltar. A história da Dani me afetou mais do que eu esperava. Mas o pior era encarar o Kássio dançando com a Euzi. De todas as garotas, ele escolheu justo ela... E ainda tem a coragem de dizer que me ama. Se ele realmente me amasse, não faria isso.  

Queria um momento de paz, mas Noel apareceu, estragando qualquer chance disso. Ele se aproximou com aquele jeito irritantemente confiante.  
– O que está fazendo aqui sozinha?  

Revirei os olhos.  
– Ah, não... Você de novo?  

Ele sorriu, despreocupado.  
– Pois é. Não tem como se livrar de mim tão fácil.  

– Noel, hoje não estou com paciência para as suas brincadeiras.  

Ele ergueu as mãos, em um gesto de rendição.  
– Tudo bem, sem piadinhas. Mas posso saber o que te deixou assim?  

– Não estou triste.  

Ele me encarou, sério pela primeira vez.  
– Dá pra ver que está. Não precisa fingir pra mim.  

Cortei a conversa, cansada.  
– Não estou fingindo. Só não quero falar sobre isso... Com você.  

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