Tempos de Colegial Capítulo 54

Entre Conexões e Despedidas: Ecos do Coração

— Não adianta negar — começou Noel, com aquele sorriso provocador que parecia desarmar qualquer defesa. — Eu sei que você está relutante porque eu sou famoso. Afinal, tem um monte de garotas correndo atrás de mim.

Soltei uma risada amarga, cruzando os braços.

— Pouco me importa a sua fama! Na verdade, eu quero mais é que você se dane junto com as suas piriguetes! — disparei, minha voz carregada de irritação.

Antes que ele pudesse responder, uma voz familiar ecoou atrás de mim.

— O que está acontecendo aqui? — perguntou Kássio, aproximando-se com um semblante sério. — Eu vi esse garoto te incomodando. Quer que eu dê um jeito nele?

Revirei os olhos, já cansada da situação.

— Não, Kássio, você não vai dar jeito em ninguém. Primeiro, porque eu não pedi a sua ajuda. Segundo, porque eu sei me virar sozinha. Não sou nenhuma donzela em perigo, caso você tenha esquecido.

Noel observava a cena com um brilho divertido nos olhos.

— Além de linda, é nervosinha! — comentou, sua voz carregada de humor, o que só aumentou minha irritação.

— Que "nervosinha" o quê! Vai procurar a sua turma, Noel! — rebati, sentindo minha paciência se esgotar.

Kássio deu um passo à frente, ignorando Noel.

— Onde você vai, Emi?

— Vou espairecer. E não venham atrás de mim! — respondi, sem olhar para trás enquanto me afastava.

No meio do caminho, fui interceptada por Danile, que parecia aflita.

— Emi, ainda bem que eu te achei — disse ela, sua voz tremendo levemente.

— O que foi? — perguntei, preocupada.

— Eu vou para casa — ela respondeu, os olhos começando a se encher de lágrimas.

— Por quê? O que aconteceu? — insisti.

— Acabei de descobrir que ele foi embora — disse ela, tentando conter o choro.

— Ele quem? — perguntei, embora já desconfiasse da resposta.

— O Marcelo — ela confirmou, com a voz embargada.

Suspirei, tentando pensar em algo reconfortante para dizer.

— Ele vai voltar, amiga. Não fica assim — tentei tranquilizá-la.

Ela balançou a cabeça negativamente, o desespero estampado em seu rosto.

— Ele vai morar lá por cinco anos, Emi. O que eu faço? — perguntou, quase em um sussurro.

Minha mente ficou em branco por um momento antes de eu admitir:

— Eu não sei o que dizer, Dani.

Ela deixou escapar um soluço, cobrindo o rosto com as mãos.

— Eu acho que vou morrer.

Segurei seus ombros com firmeza, tentando passar alguma segurança.

— Claro que não, Dani. Você vai sofrer, vai sentir saudade, mas vai superar. Você vai ver! Logo vai encontrar um garoto maravilhoso. Vocês vão namorar, casar, ter um monte de filhinhos... e vão envelhecer juntos, felizes.

Ela sacudiu a cabeça, com um sorriso triste.

— Acontece que eu já achei. O Marcelo é esse garoto, Emi. Dessa vez é diferente. Eu estou apaixonada por ele. Eu penso nele o tempo todo. Ouço uma música, penso nele. Vejo casais namorando, penso nele. Até sonho com ele. Ele é o amor da minha vida.

Minha garganta apertou ao ouvir as palavras dela. Não consegui evitar a empatia que tomou conta de mim.

— O pior é que eu te entendo, Dani. É exatamente assim que eu me sinto em relação ao Kássio.