Entre o Medo e a Redenção
– Achei que não viesse! – Diego disse, sua voz carregada de impaciência e sarcasmo. Ele apertou meu braço, forçando-me a ficar imóvel. – Já estava perdendo a paciência com a sua amiguinha, tentando fugir.
– Emi, você está bem? – Danile perguntou, seu olhar ansioso fixo em mim.
– Estou, Dani, não se preocupe. – Respondi, tentando manter a calma, embora minhas mãos tremessem e meu coração batesse como um tambor em alerta.
Danile ergueu as mãos lentamente, em um gesto de rendição. – Agora que estou aqui, você já pode soltá-la.
Diego riu, um som seco e cruel. – Soltar? Para ela correr e buscar ajuda? Não... Só vou soltá-la quando estivermos longe daqui.
– Diego, por favor – Danile implorou, sua voz carregada de emoção. – Ela não tem nada a ver com isso.
– Já disse que não! – Ele gritou, sua raiva como uma tempestade prestes a explodir. – Não adianta insistir!
– Ela não vai chamar ninguém, eu prometo! – A voz de Danile quase quebrou sob o peso do desespero. – Por favor, deixe-a ir...
Eu vi Kássio. Por entre a pequena abertura da janela do sótão, seus olhos encontraram os meus. Ele levantou um dedo aos lábios, sinalizando silêncio. Minha respiração ficou presa no peito enquanto ele se esgueirava para dentro. Num golpe rápido e preciso, Kássio acertou Diego na cabeça com algo pesado. Diego caiu, desorientado. Em um instante que parecia eterno, ele foi amarrado a uma cadeira, e Kássio me libertou.
– Está tudo bem agora. – Kássio sussurrou para mim, mas o alívio foi interrompido quase tão rápido quanto veio.
A polícia demorou a chegar. Diego, com uma astúcia quase sobrenatural, conseguiu escapar, e antes que percebêssemos, ele voltou sua fúria contra mim.
Minha visão ficou turva de pânico, mas Danile não hesitou. De dentro do casaco, ela puxou uma arma. Seus olhos brilhavam com determinação enquanto ela apontava para Diego.
– Solte-a agora! – Sua voz tremeu, mas sua postura era firme.
Diego avançou contra ela, a luta foi brutal. O som dos corpos se chocando era abafado por gritos de esforço e desespero. E então, o tiro.
Tudo parou. O eco da explosão ainda vibrava no ar quando Diego caiu, seu corpo atingindo o chão com um impacto pesado. O sangue rapidamente se espalhou, pintando o chão de vermelho. Chamamos socorro, mas foi em vão. Ele morreu nos braços de Danile, sua respiração irregular dando lugar a um último pedido de perdão.
– Eu o matei... – Danile sussurrou, quase inaudível. Então, sua voz ganhou força, cheia de culpa. – Eu o matei! Sou uma assassina!
– Não, Dani, não foi sua culpa. – Minha voz era baixa, mas firme. – Foi um acidente.
Márcia colocou a mão no ombro de Danile. – Todos vimos o que aconteceu. Não foi sua culpa.
Andreia concordou, tentando soar reconfortante. – É, Dani. Não se preocupe.
Mas Danile sacudiu a cabeça, lágrimas caindo livremente por seu rosto. – Eu o matei! Eu vou pra cadeia!
Kássio interveio, com a calma de quem tentava racionalizar o caos. – Você não vai para a cadeia, Danile. Foi legítima defesa.
– Não foi um acidente! – Ela gritou, sua voz rompendo a bolha de silêncio. – Eu queria matá-lo... Queria me livrar dele.
O peso do momento era esmagador. Sirenes começaram a se aproximar, trazendo com elas o inevitável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe um comentário.
Por favor, não use palavras de baixo calão, caso contrário seu comentário será excluído. Ok?
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.