Laços e Conflitos
Danile surgiu com um sorriso leve, quebrando a tranquilidade da conversa. – Olá, meninas, o que estão fazendo?
Eu soltei um suspiro e lancei um olhar divertido. – Escutando as bobagens da Andreia.
Danile arqueou as sobrancelhas, curiosa. – Bobagens? Que tipo de bobagens?
– Sobre casamento. – Respondi, enquanto Andreia nos olhava com uma expressão de desafio.
Danile riu suavemente, adivinhando o rumo da conversa. – Ah, já sei. Aquela história de louça e roupa suja, de engordar, blá blá blá...
– É! – Concordei, rindo também.
Márcia, sempre direta, exclamou: – A Andy é doida! Como pode pensar isso?
Nesse momento, Euzielen se aproximou, com um semblante sereno. – Olá, meninas!
Márcia sorriu e perguntou: – Como vai, Euzi? Me diga uma coisa... Você pensa em casar, ter filhos?
Euzielen respondeu com firmeza e convicção: – Sim, quero ter três filhos.
Andreia bufou e jogou as mãos ao ar. – E depois a doida sou eu!
Euzielen a olhou com uma mistura de espanto e repreensão. – Como você pode não querer casar, ter filhos? Você não é normal!
Andreia cruzou os braços, exalando confiança. – Eu nasci pra viver sozinha. Já tenho tudo planejado. Na minha casa vai ser quase tudo um: um prato, uma colher, um garfo, uma cama, um sofá, uma TV... Inclusive, minha casa terá apenas um cômodo. Quero que ela seja pequena porque quero um quintal enorme.
Márcia, não resistindo ao absurdo do plano, perguntou com um tom brincalhão: – E quando alguém for te visitar, vai comer como? Vai dormir contigo?
Andreia revirou os olhos, impaciente. – Não dificulta as coisas, Márcia!
Eu olhei para Andreia, tentando entender. – Para quê você quer um quintal enorme?
Ela respondeu com entusiasmo: – Quero ter muitas plantas, de vários tipos de frutas. E para isso é preciso muito espaço.
Não pude deixar de argumentar. – Mas acho que você precisa repensar essa história do "um". Porque, se alguém te visitar, não pega bem ficar esperando, por exemplo, para comer. Ou seja, um vai ter que comer primeiro, enquanto o outro espera, morrendo de fome.
Andreia fez uma pausa e refletiu. – Tem razão. Então vou comprar uns pratos extras, algumas colheres e tudo mais. Mas, ainda assim, não vou encher minha casa de móveis. Dá muito trabalho para limpar.
Danile riu e comentou: – Além do mais, não ia caber.
– Verdade. – Concordei.
Márcia mudou o rumo da conversa, seus olhos brilhando de curiosidade. – Então, Dani, já está tudo pronto para o seu casamento?
Danile suspirou e respondeu com serenidade. – Não, ainda faltam os pais do Marcelo virem de Salvador.
Andreia perguntou, intrigada: – Eles moram lá?
Danile balançou a cabeça. – Não, estão viajando a negócios.
– E quem vai te levar ao altar? – Perguntei, curiosa.
Danile sorriu. – Minha mãe.
Márcia sorriu de volta, admirada. – Que legal, vai ser um casamento diferente.
Danile assentiu, seus olhos cheios de emoção. – Já que meu pai não pode me levar, minha mãe vai representá-lo.
Andreia, sempre tentando confortar à sua maneira, disse: – Pelo menos ele vai te acompanhar lá do céu.
Danile hesitou, mas acabou perguntando: – Você acha?
Andreia sorriu com confiança. – Claro!
Eu, emocionada, exclamei: – Vai ser o casamento mais lindo do mundo! E sabe por quê?
Danile riu. – Não, por quê?
Eu declarei com entusiasmo: – Porque nós vamos ajudar na decoração.
Andreia estreitou os olhos. – Nós, quem?
Eu sorri. – Você, a Márcia, a Euzi, a Dani e eu.
Andreia protestou com humor. – Você tem uma mania de oferecer os outros.
Eu ri, confusa. – Oferecer os outros? Hã?!
Andreia explicou: – Sim, você diz que a gente vai fazer coisas sem nos consultar. Eu não quero trabalhar. Trabalhar cansa! Só de pensar já fico cansada!
– Ok, você está dispensada! – Eu disse, ainda rindo. – Mas saiba que trabalhar pode ser muito divertido.
Andreia revirou os olhos e respondeu com sarcasmo. – Divertido?! Me poupe!
Márcia, com um sorriso encorajador, disse: – A Emi tem razão. Trabalhar é divertido, principalmente se você gosta do que faz.
Andreia suspirou. – Acontece que eu não gosto de trabalhar. Nada nem ninguém vai me fazer mudar de ideia.
Danile, com uma expressão intrigada, perguntou: – E do que é que você gosta?
Andreia sorriu levemente. – Eu gosto de música. Eu poderia viver disso!
Danile foi prática. – Para viver de música, você teria que trabalhar em música. Você teria de ensaiar, tocar, cantar. Isso exige trabalho. Então, não diga que não gosta de trabalhar. Mesmo a música precisa de muito trabalho. Leva tempo para compor uma boa música. Além disso, é difícil viver de música porque você pode fazer sucesso hoje, mas amanhã pode ser esquecido.
Andreia finalmente cedeu. – Tem razão. Me desculpa, eu vou ajudar na decoração. Além disso, é o casamento de uma das minhas melhores amigas. Tem que estar simplesmente impecável.
Danile sorriu. – Lembra que é um casamento simples.
Andreia piscou, provocando. – É por isso que eu disse "simplesmente". Mesmo que eu não concorde com seu casamento simples. É o seu casamento. Já que você vai estragar sua vida, pelo menos estrague com estilo.
Danile suspirou, tentando conter a irritação. – Você não vai me convencer. Um dia você vai se apaixonar, aí você vai ver que eu não estou estragando minha vida. E eu também queria pedir que você não fale mais assim do meu casamento. Pelo menos, não na minha presença.
Andreia abaixou a cabeça, envergonhada. – Desculpa, Dani.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe um comentário.
Por favor, não use palavras de baixo calão, caso contrário seu comentário será excluído. Ok?
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.