Movido por um turbilhão de pensamentos e sentimentos confusos, Daniel tomou uma decisão ousada: voltaria para falar com Mila. No entanto, ao chegar à casa dela, uma cena inesperada congelou seus passos. Ela estava abraçando outro rapaz na porta, uma expressão de carinho visível. A visão atingiu Daniel como um soco no estômago. Sem coragem para se aproximar, ele virou as costas, sentindo um nó na garganta, e decidiu esquecer tudo o que havia acontecido entre eles.
No dia seguinte, Mila estava distraída em casa quando a campainha tocou. Ao abrir a porta, seu coração disparou ao ver Daniel parado ali, com um olhar misto de determinação e hesitação.
— Oi! Bom dia — disse ele, tentando soar natural.
— Bom dia... — respondeu Mila, surpresa. — O que faz aqui?
Daniel esclareceu:
— Estou procurando a Marília.
Mila franziu o cenho, desconfiada.
— É alguma brincadeira de mau gosto? Já vou avisando que detesto esse tipo de piada!
Confuso, Daniel balançou a cabeça e respondeu com firmeza:
— Não é brincadeira. Este é o endereço da tia Marília. Foi minha mãe quem me deu. Olha o papel.
Daniel entregou o papel para Mila, que o analisou com atenção, confirmando que o rapaz dizia a verdade.
— Esse é o endereço dela, sim. Mas... ela não poderá atendê-lo.
Ainda determinado, Daniel insistiu:
— Me desculpe, mas é muito importante que eu fale com ela. Você poderia chamá-la, por favor?
Mila foi invadida por uma onda de emoções e, incapaz de conter a dor que começava a ressurgir, disparou insultos:
— Você é um estúpido! Como pode vir até a minha casa e fazer uma brincadeira dessas? Imbecil, idiota, saia daqui!
Daniel, atordoado, tentou entender a situação.
— Eu não sei por que você está reagindo assim. Já te disse que não é brincadeira. Estou procurando minha tia porque preciso falar algo muito importante com ela.
Mila, mais exaltada, continuou:
— Eu já disse que você não pode falar com ela!
Sem conseguir entender o motivo, Daniel perguntou, agora com o tom mais firme:
— E por que eu não posso falar com ela?
Mila respirou fundo, abaixou o olhar e respondeu com a voz trêmula:
— Porque minha mãe morreu há três anos.
O choque tomou conta de Daniel. Ele balbuciou, desconcertado:
— Oh... Eu sinto muito. Eu... eu não sabia. Desculpe-me, eu não queria incomodar, só precisava falar com ela.
Tentando se recompor, Mila perguntou, curiosa:
— O que você queria falar com ela? Você disse que era algo importante.
Sem coragem para revelar o verdadeiro motivo, Daniel desviou o olhar e murmurou:
— Esquece... Agora não tem mais tanta importância. Desculpe-me por incomodar e, sinto muito pela sua mãe.
Mila, querendo prolongar o diálogo, insistiu:
— Você conhecia minha mãe há muito tempo?
Daniel respondeu com um toque de nostalgia:
— Desde que eu tinha cinco anos. Ela e minha mãe eram amigas antes de... Antes de...
— Antes de...? — Mila tentou completar, convidando-o a continuar.
Daniel hesitou, olhando para os próprios pés.
— Antes de eu... deixa pra lá.
— Que mal educada, nem te convidei para entrar! Por favor, entre.
— Não precisa, eu tenho que ir. — Daniel respondeu
É o mínimo que eu posso fazer — disse Mila, abrindo espaço na porta para ele.
Depois de um momento de relutância, Daniel aceitou o convite. Ele entrou e, como alguém que pisa em território desconhecido, olhou ao redor. Mila, tentando amenizar o clima, perguntou:
— Aceita um suco, um chá ou café?
— Um suco, por favor — respondeu ele.
— Só temos suco de laranja. Tudo bem?
— Pode ser — respondeu Daniel, acomodando-se no sofá.
Enquanto Mila preparava o suco, a curiosidade não parava de crescer dentro dela. Ao retornar com o copo, ela perguntou:
— Então... Você não me disse o que queria falar com a minha mãe.
Daniel tomou um gole do suco, pousou o copo na mesa de centro e revelou:
— Antes de morrer, minha avó disse que sua mãe sabia quem era meu pai biológico.
Surpresa, Mila fixou os olhos nele e perguntou:
— A sua avó não conhecia seu pai biológico?
Daniel explicou:
— Não. Ele saiu da nossa cidade quando minha mãe descobriu que estava grávida. Era uma gravidez de risco, então ela voltou para a casa da minha avó.
A conversa foi se aprofundando, e cada palavra parecia criar um laço invisível entre os dois. Mila ouvia com atenção, sentindo empatia pela história de Daniel. Quando ele perguntou sobre a morte de sua mãe, Mila não conseguiu segurar as lágrimas.
— Foi horrível — disse ela, a voz tremendo. — Um carro avançou a preferencial e bateu no carro dela. Ela ficou presa nas ferragens... E pediu para que me salvassem primeiro.
Daniel, vendo a dor nos olhos de Mila, não hesitou e a abraçou com força, tentando transmitir um pouco de conforto através do gesto.
Mesmo em meio à dor, algo começou a mudar entre eles. Dois jovens, separados por um passado cheio de mágoas, mas unidos pelo desejo de compreensão e consolo.
Será que o destino vai continuar a aproximá-los? Não perca o próximo capítulo!
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