terça-feira, 4 de setembro de 2012

Tempos de Colegial Capítulo 57

O peso do coração 


— Amigo? É sério que você só me vê como amigo? — Noel perguntou com a voz baixa, quase como se estivesse tentando esconder a vulnerabilidade que transparecia.  

— É. Como você pensou que fosse? — Senti um nó se formar na garganta. Não queria machucá-lo, mas precisava ser honesta.  

— Eu pensei que você estivesse começando a gostar de mim. — Ele sorriu de leve, mas era um sorriso triste. O tipo de sorriso que tenta esconder uma decepção.  

— Não força, por favor. Eu ainda amo o Kássio... e amo muito. — Minha voz saiu mais trêmula do que eu queria, e isso apenas confirmou o que eu temia: parte de mim ainda estava presa ao passado.  

— Eu podia dormir sem essa. — Ele riu, mas o riso parecia uma tentativa falha de aliviar o peso da conversa.  

— Olha, eu vou tentar esquecer o Kássio.  
Minha tentativa de mostrar alguma esperança soava mais como uma promessa vaga, até para mim.  

— Aí você vai me dar uma chance? — A sinceridade em sua pergunta me pegou de surpresa. Ele não estava brincando.  

— Me dá um tempo, está bem? — Desviei o olhar, incapaz de encará-lo diretamente.  

— Tudo bem, eu espero o tempo que for necessário. — Seu tom era calmo, mas havia algo nos olhos dele que deixava claro: ele estava disposto a lutar por mim, mesmo que eu não tivesse certeza de nada.  

— Você gosta tanto assim de mim? — Perguntei sem esperar a resposta, mas precisei ouvir as palavras dele.  

— Bem mais do que você imagina. — As palavras vieram com uma simplicidade que me desmontou. Ele não estava tentando me impressionar, apenas sendo honesto.  

— Não estou te prometendo nada. — A necessidade de estabelecer limites era quase uma defesa.  

— Eu sei. — Ele aceitou, como se soubesse que a paciência era sua única opção.  

—Só estou falando, pra que depois você não venha com cobranças.  

— Tudo bem, sem cobranças! — Ele sorriu, e dessa vez, parecia mais genuíno.  

— Me leva pra casa?  

— Com o maior prazer! — Ele respondeu com uma leveza que quase fez parecer que a conversa difícil não havia acontecido.  

No caminho, o silêncio era confortável, mas cheio de pensamentos.  

— Você é um rapaz muito legal. Diferente do que eu pensava!  

— Você também é muito legal, mas não é diferente do que eu pensava.  

— Não?  

— Não.  

— E o que você pensava de mim?  

— Eu imaginava uma garota meiga, inteligente, sagaz, linda, carinhosa, linda.  

—;Eu sou tão linda, a ponto de você falar duas vezes?  

—Linda é pouco pra você.  

— Uau, obrigada!  

— Que foi? Por que ficou triste, de repente?  

— É que você, que parecia ser tudo o que eu detesto em um rapaz, é totalmente diferente do Kássio. Que eu pensava ser um príncipe e, na realidade, era um sapo.  

— De novo esse Kássio? Ele é tão bom, a ponto de não sair dos seus pensamentos?  

— Eu achava que fosse. — Minha voz quase quebrou, mas precisei dizer.  

A vulnerabilidade nesse momento oscilava entre nós. Noel me olhou, não com raiva ou ressentimento, mas com uma compreensão que só tornou as coisas mais difíceis para mim.  

— Sabe por que você não consegue esquecê-lo?  

— Por quê?  

— Porque você ainda o ama. E mesmo que você o tire da cabeça, não vai esquecê-lo porque ele está dentro do seu coração.  

— Você acha?  

— Infelizmente sim.  

— Mesmo que eu o esqueça, não posso ficar com você, assim de cara, porque não consigo ficar com uma pessoa sem sentir nada por ela.  

— Eu entendo e não vou te forçar a nada.  

Chegando à minha casa, um novo capítulo parecia se insinuar. Um emaranhado de sentimentos deixava claro que meu coração ainda precisava de tempo, enquanto Sami, na porta, adicionava uma nova urgência ao momento.  

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