quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Tempos de Colegial Capítulo 68

Quando o Passado Não Fica Para Trás  


— Me diz que você não contou a ela. — Danile pediu, com os olhos arregalados e a voz cheia de urgência.

— Eu não contei nada — respondeu Euzi, tentando acalmar a amiga. — Mas você sabe como a Emi é. Quando eu percebi, ela já estava falando com ele.  

Danile passou a mão pelos cabelos, claramente desesperada. — Ela foi falar com ele? Eu pedi que ela não se metesse!  

— Acontece que ela está preocupada com você. E o teu silêncio não tá ajudando.  

— Eu tenho medo que ela se comprometa tentando me ajudar. — Danile desabafou, a voz falhando.  

— Ela já se comprometeu. Quando cheguei, ela já tinha falado com ele sobre aquilo. — Euzi respondeu com firmeza, deixando claro que a situação havia saído de controle.  

Danile franziu o rosto. — Mas ela não contou que eu vou me casar, não é?  

— Acho que não. Mas, pra ser honesta, não tenho certeza. Você precisa resolver isso logo, ou ela vai acabar se metendo em problemas sérios.  

— Eu sei. Ela me prometeu que não ia se envolver... — Danile suspirou, frustrada consigo mesma.  

— Mas não adiantou. Dani, a Emi foi falar com ele! Por favor, resolva logo. Isso é sério. — Euzi implorou.  

Danile sentiu um peso esmagador em seu peito. — Eu sei. Só que eu não quero ter que me mudar de novo nem perder minhas amigas!  

— Se ele for tão perigoso quanto você diz, precisamos chamar a polícia. — Euzi argumentou, com a voz embargada de preocupação.  

— Eu tenho medo. Ele pode tentar alguma coisa. Não era pra ele ter me visto com elas. Ele não pode saber que eu vou me casar! — Danile falou num rompante, quase como se estivesse tentando se convencer de algo.  

— Por que não? — perguntou Euzi, mais séria. — Dani, você precisa começar a confiar na gente. Talvez possamos te ajudar.  

— Eu tenho medo que vocês se machuquem tentando me ajudar. Eu estou num beco sem saída! Ah, meu Deus, por que isso foi acontecer comigo?! — Danile lamentou, as lágrimas escorrendo pelo rosto.  

— Dani, por favor, deixe-nos ajudar! — Euzi insistiu, sua própria voz embargando pela emoção.  

— Como? Se nem a polícia conseguiu... — Danile rebateu, sentindo-se derrotada.  

— A polícia? — Euzi olhou para ela, chocada. — Dani, você está me assustando. Por favor, me conta o que está acontecendo.  

Danile hesitou antes de admitir: — Diego é meu ex-namorado.  

— Isso eu já sei. — Euzi respondeu, tentando não perder a paciência.  

— Eu terminei com ele quando descobri que ele usava drogas. Uma vez, por acidente, vi quando ele vendia drogas pra uns garotos no portão da escola onde ele estudava. Ele não sabe que eu o vi, só sabe que terminei com ele por causa das drogas.  

— Eu não entendo. Se ele não sabe que você sabe, então por que você tem tanto medo dele?  

— Ele é perigoso.  

— Perigoso quanto? — Euzi perguntou, sentindo o estômago revirar.  

Danile finalmente deixou escapar a verdade que carregava sozinha. — Ele matou o meu pai.  

— O quê?! — Euzi exclamou, a voz falhando de incredulidade.  

— É isso mesmo.  

— Dani, não brinca comigo! Seu pai está viajando.  

Danile balançou a cabeça. — É a mais pura verdade. Meu pai tentou me proteger e ele o matou.  

— Dani, você deixou sua melhor amiga falar com um assassino?! — gritou Euzi, completamente horrorizada.  

— Euzi, por favor, não me atormente mais. — Danile pediu, a voz quebrada pelo peso de sua culpa.  

— Me desculpa, mas isso é demais pra mim. Como ele matou o seu pai? Por quê?  

— Meu pai discutiu com ele. Tentou dizer que me deixasse em paz. Mas ele estava tão chapado que...  

— Que o quê? — perguntou Euzi, quase sem fôlego.  

— Meu pai lutou com ele. Foi quando a arma disparou e meu pai caiu, bem na minha frente.  

— Oh, Dani, eu sinto muito. — Euzi murmurou, segurando a mão da amiga.  

— Eu ainda tenho pesadelos. — Danile confessou, com a voz quase inaudível.  

— Ele não deveria estar preso?  

— Eu não sei como ele saiu da prisão. Só sei que ele não vai me deixar em paz.  

— Por quê?  

Danile abaixou a cabeça. — Ele está obcecado por mim. Eu não entendo o que fiz pra ele.  

— Você não precisa fazer nada, Dani. Você é amável com todos. É gentil, inteligente, bonita, tudo o que alguém poderia admirar.  

— Obrigada, mas eu nunca quis que ele gostasse de mim desse jeito. — Danile respondeu, as palavras cheias de angústia. — Quando a gente namorava, ele me sufocava. Queria saber tudo o que eu fazia. Ele queria que meu mundo girasse em torno do dele.  

— Isso é muito grave. Precisamos fazer alguma coisa.  

— O quê?  

— Primeiro, vamos contar a verdade pras meninas. — Euzi disse com determinação.

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