quarta-feira, 3 de abril de 2013

Tempos de Colegial Capítulo 75

Um Amor que enfrenta barreiras 



Beto me olhou com os olhos cheios de dúvida, mas também com um leve brilho de esperança. – E se ela não aceitar? – Ele perguntou, hesitante.  

Revirei os olhos e, sem filtrar minhas palavras, respondi: – Duh! Claro que ela vai aceitar. Eu já tinha convidado, né? Você é bem lentinho, hein! Ah, desculpa! Desculpa, desculpa, desculpa! Eu estou tentando parar de insultar as pessoas. Me perdoa.  

Beto sorriu de lado, balançando a cabeça. – Tudo bem, já estou acostumado.  

Respirei aliviada e voltei ao foco. – Então você vai buscá-la na casa dela. Anota aí o endereço, e por favor, não se atrase! Ela odeia esperar.  

– Não se preocupe, também detesto esperar. – Beto respondeu com firmeza, finalmente demonstrando um pouco mais de segurança.  

Olhei para ele com um sorriso satisfeito. – Ótimo! Agora já vou indo, tá quase na hora de começar a aula. Não esquece de ligar para ela, hein? Tchauzinho!  

– Tchau! – Ele respondeu, com um aceno breve.  

Literalmente corri pelos corredores da escola. Meu coração pulsava de empolgação ao pensar na novidade que estava prestes a contar. Em minutos, alcancei Márcia e as meninas.  

– Meninas, eu falei com o Beto! – Anunciei, quase sem fôlego.  

Márcia ficou imóvel, seus olhos brilhando de expectativa. – E então?  

Um sorriso triunfante surgiu em meu rosto. – Não precisei falar muito! Só disse que o Kássio e eu te convidamos para sair conosco, com a Dulce e o Eduardo, e que você iria sozinha... E aí ele me disse que quer te pedir em namoro! Não vai recusar, hein!  

As bochechas de Márcia ficaram instantaneamente coradas. – Não se preocupe, dessa vez eu não vou fazer bobagem. Mas espera aí... Quem convidou foi a Andreia. O Kássio sabe disso?  

– Ainda não, mas ele me ama e, se eu pedir, tenho certeza que ele vai concordar. – Respondi com confiança.  

Quase como se tivesse sido convocado pelo destino, Kássio apareceu ao nosso lado. – Ele quem?  

Virei-me para ele, sorrindo. – Então, meu amor, as meninas nos convidaram para irmos ao novo karaokê que abriu perto da casa da Andy. Nós vamos, né? Por favor, diz que sim! Por favor! Por favor! Por mim!  

Ele riu baixo, mas acabou concordando. – Ok, mas a gente não vai demorar.  

– Why not? – Perguntei, desapontada.  

– Tenho que trabalhar amanhã cedo e preciso estar descansado. – Ele respondeu, calmamente.  

Cruzei os braços, frustrada. – Mas depois de amanhã é domingo! Quem trabalha no domingo?  

– Eu trabalho, amor. – Ele disse, com um olhar paciente.  

– Você não pode faltar? – Questionei, tentando convencê-lo.  

– Não, eu não posso. Por que não deixamos o karaokê para o domingo à noite? – Ele sugeriu.  

Suspirei, resignada. – Tudo bem. Vou dizer às meninas que nós não vamos.  

Kássio colocou a mão no meu ombro, tentando me tranquilizar. – Amor, eu não disse que não podemos ir. Eu só disse que não podemos demorar.  

– Se é para sair cedo, prefiro não ir. – Retruquei, teimosa.  

Ele suspirou, exausto. – Se você quiser, pode ir sem mim. Não vejo problema algum.  

Arregalei os olhos. – Muito bonito! Minhas amigas acompanhadas e eu sozinha! Se eu quisesse sair desacompanhada, continuaria solteira. Você é meu namorado. Quero sair com você.  

– Antes você gostava de ficar com suas amigas. O que mudou? – Ele perguntou, genuinamente intrigado.  

Engoli em seco antes de responder. – E você ainda pergunta?! Uma delas tentou tirar você de mim. Acha isso pouco?  

Kássio baixou o olhar, claramente desconfortável. – Sinto muito, mas não posso ir desta vez.  

Algo parecia errado. Toquei seu braço, tentando me conectar com ele. – Está tudo bem? Você nunca se recusou a sair comigo.  

Ele respirou fundo, hesitante. – Está tudo bem, querida. Só que eu preciso trabalhar.  

– Amor, você não precisa trabalhar. Seu pai é rico, esqueceu? – Comentei, achando que seria uma solução óbvia.  

Seus olhos escureceram com uma emoção que eu não conseguia decifrar. – Eu não esqueci, e ele faz questão de me lembrar isso.  

– Amore, eu te conheço. Tem alguma coisa te incomodando. Pode me contar. Eu juro que vou entender. – Implorei, desesperada por respostas.  

Kássio finalmente olhou para mim, sua expressão vulnerável. – Meu pai não quer que eu namore você.  

Meu coração doeu ao ouvir aquilo, mas tentei manter a calma. – Isso eu já sei, amore.  

– Eu saí de casa e preciso desse emprego para me sustentar. – Ele confessou, com um peso enorme em sua voz.  

Fiquei sem palavras por um momento. – Você saiu de casa por mim?  

Ele hesitou. – Em tese.  

O arrependimento me atingiu como uma onda. – E eu sendo ingrata com você. Por que não me disse antes? Eu poderia ter falado com a minha mãe para você ficar lá em casa.  

– Até parece que a sua mãe ia deixar a gente morar sob o mesmo teto! – Ele respondeu, rindo de forma amarga.  

– Ia sim! Ela mudou, sabia? Se você quiser, posso falar com ela. – Ofereci, cheia de determinação.  

– Não quero que você se indisponha com a sua mãe por minha causa. – Ele respondeu, balançando a cabeça.  

– Já fiz isso. Lembra? – Retruquei, encarando-o.  

– Agora é diferente. – Ele murmurou, quase inaudível.  

A aula terminou e seguimos juntos para casa. Mas a questão não saiu da minha cabeça. Mesmo sabendo que ele hesitaria, eu estava disposta a enfrentar minha mãe novamente por ele. Para minha surpresa, ela concordou!  

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