sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Estranhos Conhecidos Cap. 07

Daniel estendeu os braços através do espaço estreito que havia entre os dois e pegou a mão de Mila, que segurou entre as suas por um instante. Em seguida pôs as mãos na cintura dela e puxou o corpo dela para o dele. Ele roçou seu rosto contra o dela até encontrar sua boca, então a beijou, lenta e suavemente. Uma onda de calor completamente diferente de tudo que ela já havia sentido se espalhou dos seus lábios através de seu rosto.

Mila conseguiu afastar seus lábios dos dele para respirar. As mãos dela se emaranharam nos cabelos dele, puxando-o para ela. Ele a beija de novo, e desta vez mais chamas nos lábios dele, mais ardentes dos que as outras. Uma revoada de borboletas promove um tumulto no estômago dela e lhe rouba o fôlego mais uma vez. Ela se separou da boca de Daniel para respirar e os lábios dele queimaram o pescoço dela. Esse momento foi interrompido por uma ligação inesperada. Os lábios dele se afastaram do dela.

— Meu telefone está tocando. — ela falou atordoada e arfante.

— Atenda. Eu espero lá fora. — respondeu ele.

— Alô? Tio?! O que houve?

— A dona Maura me ligou e me disse que o Daniel ouviu um barulho aí em casa. — disse ele do outro lado da linha.

— Barulho?

— Sim. Está tudo bem com você?

— Está sim tio, não se preocupe. Foi só o gato da vizinha fugindo de um cachorro.

— Como você sabe? Dona Maura disse que você estava dormindo.

— Ela se enganou, tio Lu. Eu não queria incomodá-la porque ela estava tão cansada, que acabou dormindo no sofá, então subi pro meu quarto para me deitar.

— Ela disse que o Daniel estava aí em casa. O que ele estava fazendo aí?

— Eu não sei titio, eu não o vi.

— Ok, então boa noite.

— Boa noite tio Lu. O senhor vem para casa ainda hoje?

— Provavelmente não. Eu tenho que desligar, a gente se fala quando eu chegar. Tchau.

— Tchau tio. Boa noite. — Essa dona Maura, o que tem de chata tem de fofoqueira. Acredita que ela contou ao meu tio que você estava aqui? — disse ela enquanto Daniel voltava para o quarto.

— Eu tenho que ir agora.

— Ah não, fica só mais um pouquinho.

— Não posso. Tenho que acordar cedo amanhã.

— Lá na festa você não tinha que acordar cedo. — falou ela ironicamente.

— Lá na festa eu estava com você e não podia te deixar lá. Quero esclarecer uma coisa com você. Eu não sou do tipo pegador, digamos assim. Quando gosto de uma garota, não perco tempo com aventuras. Se estou com você é porque eu gosto de você e de nenhuma outra garota, e é com você que eu sempre quero estar. Se fôssemos as únicas pessoas no mundo, eu não sentiria falta de mais ninguém porque com você eu me sinto completo.

— Uau! Isso foi... intenso! — disse ela tocando no rosto dele. — Desculpe-me, eu não queria insinuar nada de errado. Acontece que eu tenho o dom de falar besteira. Quando chegamos à festa, que todo mundo ficou nos olhando, eu fiquei muito feliz. Não porque disseram que eu estava linda, mas porque estava com você. E todos viram que eu estava com você. Queria que todos vissem que você estava comigo.

— Eu também senti o mesmo. Não quero que você tenha ciúmes, porque não dei motivos para isso e jamais o faria.

— Eu sei que não devo, mas quando te vi com... Ela... Senti como se perdesse uma parte de mim. Senti-me vazia, incompleta. Eu não sei bem como explicar, só sei que quando estou com você eu me sinto plena. É como se eu precisasse de você pra respirar, o meu coração pulsa mais forte quando estou com você. Minha pulsação se acelera quando penso em você.

As mãos dele tocaram os cabelos dela, e com seus corações prestes a entrarem em combustão se beijaram impetuosamente. O calor os atravessou como um turbilhão enquanto ele puxava o rosto dela mais perto. Suas respirações ecoavam alto, quase como um ronco.

Seus lábios se afastaram novamente.

— Eu tenho que ir agora. — disse ele arquejando.

— Tenha doces sonhos meu amor.

— Vou sonhar com você. Agora é melhor eu ir porque se ficar seu tio não vai gostar nada.

— Essa vai ser uma longa noite. — resmungou Mila quase sonolenta.

— Boa noite, Mila.

— Boa noite, Daniel.

Embora pensasse o contrário, Mila pegou no sono rapidamente. A noite não fora tão longa como ela havia imaginado. Ela acordou bem cedo, o sol ainda nem tinha se levantado. O quarto ficara iluminado com o sol da manhã. Ela olhou fixamente a luz que batia na janela. O sol já estava bem alto no céu quando Mila resolveu sair da cama e preparar o café da manhã.

Mila ouviu a campainha tocar e saiu em disparada imaginando que fosse Daniel. Ela correu para encontrar-se com ele, mas não imaginava que fosse outra pessoa.

— Meu amor, você chegou cedo! — disse ela jogando os braços em volta da cintura dele.

— Nossa... quanto amor! Eu também te amo sobrinha querida.

— Tio Lu?! Eu estava preparando café da manhã, espero que esteja com fome. Eu não tinha certeza se o senhor viria assim tão cedo então não tem muita coisa além de café, leite e torradas.

— Não tem problemas, o importante é que eu finalmente vou poder dar a atenção que você tanto queria.

— Que legal! — falou ela entre os dentes. Justo agora!, pensou ela.

— Então o que você quer fazer? Eu tirei um tempinho só pra você.

— Só para constar, isso não é algum tipo de punição, é?

— Punição? Por que eu puniria você? Por acaso você aprontou algo que não estou sabendo?

— Não tio, é que eu falei outro dia eu que sempre ficava sozinha, de repente o senhor possa ter se incomodado com isso e queira me punir. Só isso.

— Não sua tolinha. Eu tirei um dia de folga e faz tempo que não vejo a minha sobrinha favorita. Se quiser posso te levar ao cinema para ver aquele filme, que você está louca para ver.

— Eu já vi esse filme, tio Lu.

— Oh é uma pena. E que tal...

— Olha tio, eu aprecio que tenha tirado o dia de folga para me dar um pouquinho de atenção, mas eu já tenho planos e sei que tem uma moça que precisa mais da sua atenção do que eu. — ela interrompeu, apontando para uma fotografia que estava numa estante, na sala de estar. — Isso mesmo meu tio querido. A Cíntia já ligou uma porção de vezes. Parece que ela já voltou de viagem.

— Droga!

— Pelo visto, o senhor não gostou da notícia.

— Não é isso, acontece que eu não me lembrei de ir busca-la no aeroporto. Ela deve estar furiosa.

— Que coisa feia, tio Lu! O senhor tirou o dia para ficar comigo, e esqueceu-se da Cíntia? Isso não se faz, hein, querido tio!

— Não tem graça, Mila!

— Ah tem sim! Desculpe-me, tio Lu, mas eu tenho que ir. A gente se vê depois.

— Espera aí, mocinha! Aonde você pensa que vai?

— Vou sair com a Jéssica.

— Não foi isso que eu perguntei. Eu quero saber aonde você pensa que vai.

— Tio querido, eu vou à biblioteca com a Jéssica, porque temos que apresentar um trabalho importante sobre carboidratos, e eu tenho que estar preparada.

— E você vai à biblioteca usando isso? — perguntou ele apontando para a saia de Mila, que de tão curta parecia mais um cinto. — Você não vai sair de casa usando minissaia.

— O quê?! Ah tio Lu, não embaça!!

— Olha como fala comigo! Eu não quero que você use esse tipo de roupa, ainda mais com esse Daniel circulando pela casa.

— O Daniel não fica “circulando pela casa”. O senhor está ficando biruta. É melhor ligar para a Cíntia porque ela sim precisa da sua atenção.

— Foi você quem disse que estava cansada de ficar sozinha.

— Estava do verbo não estou mais.

— Você está muito insolente pro meu gosto.

— Tio, me dá licença que eu já estou atrasada.

— Tudo bem, mas a gente se acerta na volta.

Mila não gostava de mentir, então tomou uma decisão difícil, tanto que poderia por um fim no relacionamento dela com Daniel. Tendo consciência de que isso poderia acontecer ela resolveu contar a verdade para o tio.

— Já que esse assunto não vai acabar aqui, eu vou lhe contar a verdade, tio. Daniel e eu estamos namorando. E, mesmo que o senhor seja contra eu não vou deixa-lo, em hipótese alguma. Eu já sou grande e tenho consciência do que é melhor para mim. E tem mais, eu não vou admitir que o senhor venha com caretice pro meu lado. Daniel e eu nos gostamos e vamos ficar juntos o senhor querendo ou não.

— Nossa agora eu sei de onde vem tanta petulância! Escuta, Mi, eu jamais atrapalharia a sua vida. Não sou desse tipo de pessoa que fica “embaçando” o namoro alheio. — disse ele esforçando-se para acalmar a voz.

— Eu pensei que sim porque o senhor não queria nem hospeda-lo na nossa casa.

— Porque eu pensava que fosse um completo estranho. E a gente não o conhecia, não sabia nada sobre ele. Ele poderia estar mentindo em tudo o que disse. Mas agora tenho motivos para não desconfiar dele.

— Que motivos? Tio Lu, o que o senhor está me escondendo?

— Não estou escondendo nada porque não tenho nada a esconder. Só acho que se ele conheceu sua mãe não deve ser um garoto ruim.

— Humm, sei! Fala a verdade, tio Lu. Eu sei que o senhor está mentindo porque quando mente pra mim você não me olha nos olhos.

— Mila, eu sou o adulto aqui então é você quem dá explicações, não eu. Pronto, morreu o assunto! Já que você não precisa da minha companhia, vou procurar a Cíntia e tentar reparar o meu pequeno erro.

— Pequeno? — perguntou ela tentando segurar o riso.
— Minúsculo.

— Boa sorte, tio Lu!

— Obrigado, eu vou precisar.

Continua>>>


Tio Lucas não vai ficar contra o namoro de Mila e Daniel. Será? Não Perca o próximo capítulo!!

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