quarta-feira, 25 de julho de 2012

Tempos de Colegial Capítulo 50

A Verdade por Trás da Separação


Kássio respirou fundo, seu olhar fixo em mim, carregado de uma intensidade que parecia querer atravessar as barreiras que eu havia erguido.

— Como eu disse, eu aceitei vir à festa porque sabia que você estaria aqui. É a única razão pela qual eu vim com a Euzi. Nós não estamos namorando, Emi. Eu não quero absolutamente nada com ela. A única garota que eu amo é você, e isso nunca vai mudar.

Senti um nó apertar minha garganta, mas não deixei que ele visse minha fraqueza.

— Não foi isso que pareceu, aquele dia no hospital — retruquei, meu tom mais frio do que eu realmente sentia.

Ele fechou os olhos por um instante, como se cada palavra minha o atingisse.

— Eu sei que fui um canalha, mas... posso te explicar tudo.

Cruzei os braços, mantendo minha postura firme.

— Então o que está esperando? — desafiei, quase como se quisesse colocá-lo à prova.

Kássio passou a mão pelos cabelos, o nervosismo evidente. Quando falou, sua voz estava carregada de hesitação.

— Eu estou tentando te explicar desde que começamos essa conversa. Lembra que eu estava com a minha irmã?

Assenti com a cabeça, embora confusa.

— Lembro. E daí?

Ele soltou um suspiro, o peso de suas palavras começando a se revelar.

— Daí que ela contou para os meus pais sobre você.

Arqueei as sobrancelhas, sentindo a tensão aumentar.

— Como assim?

— Minha irmã… Ela sempre me viu como alguém que cuidava dela, desde criança. Quando você apareceu, ela ficou com ciúmes. Ela inventou uma história sobre você para os nossos pais. Eles acreditaram nela, Emi, e não em mim.

Minha mente trabalhava a mil por hora, tentando processar.

— Por quê? — minha voz era um misto de indignação e dor.

— Por causa da sua fuga — ele respondeu, seu tom agora repleto de amargura. — Eles disseram que não queriam que eu namorasse uma garota problemática.

Foi como um golpe. O ar parecia pesado, e por um momento, apenas o silêncio entre nós falava. Então, reuni forças para perguntar:

— E você? Não me defendeu?

Ele desviou o olhar, envergonhado.

— Eu não pude.

Meus olhos se estreitaram, e minha voz saiu carregada de incredulidade.

— Não pôde? Como assim, Kássio? 

Ele esfregou as têmporas, visivelmente frustrado.

— Você não entende.

— Tenho certeza de que, se você me explicar, eu vou entender — pressionei, não disposta a deixar aquilo passar.

Ele hesitou, antes de finalmente encarar meus olhos.

— Sua mãe trabalha na empresa do meu pai, Emi. Ele ameaçou demití-la. E eu sabia que, se ela fosse demitida, ela te levaria embora. Eu não podia correr esse risco.

A raiva e a dor borbulhavam dentro de mim, misturando-se em algo que eu mal conseguia identificar.

— Acontece que a minha mãe já ia pedir demissão, porque conseguiu um emprego melhor. Você não precisa usar minha mãe como justificativa, Kássio.

Ele ficou em silêncio por um momento, derrotado. Então, murmurou:

— Emi, eu só tentei te proteger. Com um telefonema, meu pai poderia acabar com a carreira da sua mãe. 

O peso das palavras dele pairava entre nós como uma sombra, enquanto meu coração se debatia entre a confusão e a mágoa. 

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