domingo, 22 de abril de 2012

Tempos de Colegial Capítulo 31

O Preço de Seguir o Coração


Eu fugi. Pulei pela janela do meu quarto, sentindo meu coração bater como nunca antes. Com as mãos trêmulas, peguei o celular e liguei para Kássio. A voz dele era meu único alívio naquele momento de desespero.  

— Amor, fugi de casa — soltei de uma vez, quase engasgando com as palavras. — Estou com medo... Por favor, vem me encontrar.  

Do outro lado da linha, ele demorou um instante para responder, mas eu sabia que ele viria. Eu estava assustada, muito mais do que imaginava. Nunca havia saído sozinha à noite, e tudo parecia tão grande, tão escuro.  

Quando ele chegou, me encontrou encolhida em uma praça, abraçando meus próprios joelhos. Seus olhos refletiam preocupação, misturada com algo que eu não consegui decifrar completamente.  

— Por que você fez isso? — ele perguntou, enquanto me envolvia em um abraço que era ao mesmo tempo terno e cheio de inquietação.  

— Eu estava com medo... Mamãe quer nos separar.  

— A gente ia dar um jeito de se encontrar — ele disse, com um tom mais calmo, mas firme.  

Eu ergui o rosto para ele, meus olhos já brilhando com lágrimas.  

— Eu não aguentava mais, Kássio. A saudade estava me sufocando.  

Ele respirou fundo, balançando a cabeça lentamente.  

— Eu sei, mas você é menor de idade. Tem que obedecer a sua mãe.  

Fiquei em silêncio por um momento, sentindo a dor crescer no meu peito.  

— Parece até que você está do lado dela! — disparei, deixando a angústia transbordar na minha voz.  

Amore mio, não é isso — ele respondeu, segurando minhas mãos com cuidado. — Você sabe... Eu já sou maior, e se sua mãe descobre, ela pode me denunciar.  

— Mas eu já tenho quase dezoito! — insisti, sentindo a injustiça apertar minha garganta.  

— Só que dezessete e meio não são dezoito — ele disse suavemente. — Você precisa esperar um pouco mais.  

Eu desviei o olhar, cruzando os braços, como se isso pudesse proteger meu coração daquela realidade.  

— Eu não gosto de esperar! Vou para a casa da Danile. Os pais dela estão viajando, então ninguém vai se meter.  

Ele suspirou, visivelmente preocupado.  

— E o que você vai dizer para sua mãe?  

— Nada. Não quero falar com ela. Nunca mais.  

— Ela é sua mãe, você não pode fazer isso — ele insistiu, com uma voz tão carregada de emoção que fez meu peito doer ainda mais.  

— Por que você defende tanto ela? — perguntei, já sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.  

Ele abaixou os olhos por um instante, como se buscasse forças.  

— Não é que eu a defenda — ele murmurou. — Acontece que... eu sei o que é não ter mãe.  

Minha raiva se derreteu instantaneamente. A dor dele me atingiu como um golpe.  

— Me perdoa, amore... Eu tinha esquecido — sussurrei, minha voz quase sumindo. — Você sofrendo tanto por causa da sua mãe, e eu aqui, reclamando da minha.  

Toquei sua mão com cuidado, sentindo-me culpada, mas também grata por ele estar ali comigo.  

— Me leva até a casa da Danile? — pedi, tentando aliviar o peso daquela conversa.  

Ele assentiu, apertando minha mão com firmeza.  

— Claro que eu te levo.  

Mas no fundo, nós dois sabíamos... minha mãe descobriria.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe um comentário.
Por favor, não use palavras de baixo calão, caso contrário seu comentário será excluído. Ok?

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Publicidade

Arquivo do blog