quinta-feira, 26 de abril de 2012

Tempos de Colegial Capítulo 33

Amor em Meio ao Sacrifício


O tiro atingiu o peito direito de Kássio, perfurando o pulmão e atravessando seu corpo como uma lâmina cruel. Ele foi socorrido às pressas, cada segundo parecendo uma eternidade enquanto o sangue escorria, tingindo tudo ao redor de um vermelho desesperador. No hospital, ele chegou desmaiado, a vida pendendo por um fio, enquanto eu me agarrava à esperança com todas as forças que me restavam. 

Horas depois, quando o sol já começava a se despedir no horizonte, veio a notícia que trouxe um alívio esmagador: seu estado era regular, e ele estava sob observação. Mamãe, com os olhos marejados, agradeceu profundamente por ele ter arriscado tudo para me proteger. Em um gesto inesperado, ela finalmente cedeu: "Vocês podem namorar", disse, com um sorriso tímido e emocionado.

No horário de visitas, entrei no quarto com o coração apertado. Lá estava ele, sedado, tão pálido que parecia feito de cera. Aproximei-me devagar, como se qualquer movimento brusco pudesse quebrá-lo. Inclinei-me e depositei um beijo suave em sua testa.

— Durma bem, meu amor. Eu vou te esperar com boas notícias — sussurrei, minha voz embargada.

Ao sair, virei-me para minha mãe, tentando conter as lágrimas que ameaçavam cair.

— Ele está tão pálido, mamãe — murmurei, a culpa pesando em cada palavra.

— É normal, meu amor. Ele perdeu muito sangue — respondeu ela, com um tom que tentava ser tranquilizador, mas não escondia a preocupação.

— A culpa é minha. Se eu não tivesse fugido, nada disso teria acontecido — confessei, sentindo o peso esmagador da responsabilidade.

Mamãe segurou minhas mãos com firmeza, seus olhos cheios de arrependimento e amor.

— A culpa não é sua, filha. Fui eu que fui intransigente demais. 

Sami, sempre a voz da razão, interveio com um sorriso caloroso: 

— Gente, o importante é que ele está bem!

Respirei fundo e, com a voz trêmula, perguntei:

— Mamãe, me perdoe por eu ter me comportado mal?

Ela me puxou para um abraço apertado, suas palavras carregadas de emoção:

— Claro que eu te perdoo, filha. Me perdoe também por não ter respeitado seu espaço. Eu só queria o melhor para vocês, mas acabei exagerando.

— Eu entendo, mamãe. E te perdoo, porque eu te amo — respondi, sentindo o peso da mágoa se dissipar.

Sami, com sua energia prática, sugeriu:

— Vamos para casa?

Olhei para minha mãe, quase implorando:

— Posso ficar aqui, mamãe? Por favor!

Ela suspirou, derrotada pelo meu olhar suplicante.

— Tudo bem, mas só hoje! — disse, com um sorriso cansado.

E assim, fiquei ao lado de Kássio, segurando sua mão, prometendo a mim mesma que nunca mais deixaria o medo nos separar. 

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