sábado, 28 de abril de 2012

Tempos de Colegial Capítulo 34

 Entre palavras não ditas


— Obrigada, mamãe! Obrigada mesmo! É por isso que eu te amo tanto! — exaltei, abraçando-a com força, como se aquele momento pudesse apagar todas as mágoas anteriores. Sentia o calor do perdão nos braços dela, um conforto que fazia meu peito se aquecer.

— Tá bem, tá bem, mas não abusa! — disse ela, disfarçando um sorriso com o ar de quem relutava em se render à felicidade que pairava no ar.

— Vamos logo, mamãe! A Emi está desesperada para ficar sozinha com o Kássio! — brincou Sami, piscando para mim com um sorriso travesso que iluminava o ambiente.

— Tchau, amores da minha vida! — gritei animadamente, com o coração leve, acenando enquanto elas saíam da sala.

— Tchau!  
— Tchau!  

Assim que ouvi a porta se fechar, uma onda de alívio me percorreu. Finalmente, estávamos a sós. Virei-me para Kássio, que continuava imóvel na cama. Não consegui evitar um sorriso ao perceber o brilho de travessura que ele tentava esconder.

— Finalmente, mamãe saiu. Pode parar de fingir, Kássio!  

Os olhos dele se abriram lentamente, revelando um brilho que misturava cansaço e carinho.

— Linda!  

— Que coisa feia, hein! — provoquei, cruzando os braços enquanto o encarava.

— O quê?  

— Fingir que está dormindo só para não falar com a mamãe.  

— Desculpa, mas, se eu não fizesse isso, elas nunca iam embora. — respondeu com um sorriso culpado, o tom de voz baixo, mas suficiente para derreter qualquer mágoa.

— Como você está?  

— Estou bem, não se preocupe.  

— Mamãe deixou a gente namorar! Não é incrível?  

— É sim.  

Mas algo na resposta dele não soava convincente. Notei a maneira como ele evitava me encarar, o peso no tom de voz. Franzi a testa, uma pontada de preocupação surgindo.

— O que foi?  

Ele respirou fundo, os olhos desviando para o teto. O silêncio que se seguiu foi como um prenúncio de algo ruim, o tipo de silêncio que precede a tempestade.

— É que... Eu não sei como te dizer isso.  

— Isso o quê? — perguntei, com o coração apertado, antecipando palavras que eu não queria ouvir.

— Não sei se quero continuar o nosso namoro.  

A declaração dele foi como um golpe direto no peito, roubando meu ar. 

— O quê?! Como?! Você não está falando sério! Me diz que é brincadeira! — implorei, sentindo a voz tremer com a emoção.

— Não é brincadeira. Pensei bem e percebi que, desde que começamos a namorar, só tivemos problemas. Você me escondeu da sua mãe, agiu feito criança. Não sei se é isso que eu quero para mim.  

— Você não pode fazer isso comigo! — exclamei, lágrimas já se formando em meus olhos, enquanto me aproximava desesperada.

— Vai embora, por favor! — pediu, com a voz dura, mas os olhos evitavam encontrar os meus.

— Não, eu não vou! A gente precisa conversar! — retruquei, agarrando a borda da cama como se minha vida dependesse disso.

— Não tem o que conversar. Por favor, vai embora! — insistiu, com uma firmeza que partiu meu coração.

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