quinta-feira, 28 de março de 2013

Estranhos Conhecidos Capítulo 02


Enquanto o silêncio pairava no ar, Daniel observou as amigas de Mila se afastando apressadas e não conteve o comentário:  
— Belas amigas você tem!  

Mila, franzindo as sobrancelhas, questionou:  
— Do que está falando agora?  

Com um tom levemente sarcástico, ele respondeu:  
— Você acabou de se machucar e elas nem sequer se preocuparam em te levar ao hospital.  

Mila respirou fundo, tentando manter a calma, e replicou:  
— Elas sabem que eu não gosto de chamar atenção, principalmente em situações como essa.  

Curioso e com um olhar de quem queria entender mais, Daniel insistiu:  
— Situações? Que tipo de situações exatamente?  

Sem desviar o olhar, Mila disparou:  
— Situações como a de agora. Você me atropelou, vai me levar para o hospital e nada mais. Eu detesto quando as pessoas se preocupam comigo, odeio ficar explicando que estou bem e que não preciso de nada.  

Confuso e surpreso, ele exclamou:  
— Você é mesmo muito estranha!  

Mila deu de ombros, um leve sorriso escapando dos lábios.  
— Eu sei. O que posso fazer? Esse é o meu jeito, e não estou disposta a mudar.  

Daniel a encarou por um momento, intrigado, e concluiu quase como quem pensava alto:  
— Estranha... e linda.  

Pegando-a desprevenida, Mila ficou vermelha e respondeu de forma rápida:  
— Por favor, não confunda as coisas. Você só está aqui porque eu não posso andar direito. Minhas amigas tinham compromissos urgentes, e você foi a única opção para me trazer.  

Tentando se justificar, ele rebateu:  
— Ei, você sabe que isso não foi minha culpa, certo? Eu não estava em alta velocidade. Na verdade, eu nem conheço bem a cidade, só estava procurando a casa da minha tia… bem, tecnicamente ela não é minha tia, mas é como se fosse.  

Antes que ele pudesse falar mais, Mila apontou para a entrada do hospital:  
— Chegamos. Eu vou falar com meu tio. Você pode ir embora agora. Muito obrigada e até nunca mais!  

Com um meio sorriso, Daniel devolveu:  
— Muito bem, até nunca mais!  

Sem olhar para trás, Mila foi recebida por um enfermeiro que a ajudou a chegar até o consultório de Lucas, seu tio. Ao vê-la entrar mancando, ele arregalou os olhos.  
— O que aconteceu com a minha sobrinha preferida?!  

Mila riu fraco:  
— Tio, eu sou sua única sobrinha. Foi só um pequeno acidente, nada grave. Meu tornozelo está doendo um pouco, só isso.  

Lucas inclinou-se, examinando-a com um olhar atento.  
— Como isso aconteceu?  

Mila desviou o olhar, sem jeito.  
— Eu atravessei a rua sem prestar atenção e um carro me pegou. Mas ele vinha devagar, só não conseguiu parar a tempo.  

— E o motorista? Fugiu? — perguntou Lucas, o tom preocupado.  

— Não. Ele me trouxe até aqui. Aí eu mandei ele embora — respondeu Mila, com a maior naturalidade.  

— Por que fez isso?! — Lucas questionou, franzindo a testa.  

Mila suspirou, encarando-o com olhos inocentes.  
— Ele já me ajudou o suficiente. Não achei que fosse necessário mais nada.  

Lucas cruzou os braços, sério:  
— Não é sobre isso. Estou falando de você atravessar a rua sem olhar. Conheço você, Mila. Tem algo mais aí.  

Sem saída, Mila confessou, quase rindo:  
— Tá bem, tá bem! Eu vi uma bolsa linda numa vitrine do outro lado da rua... Ela parecia estar me chamando, tio!  

Lucas deu uma risada debochada.  
— Sei!  

— É sério! — ela insistiu. — A bolsa dizia “me compra! me compra!” Eu fiquei hipnotizada!  

Lucas balançou a cabeça, rindo.  
— Ah, Mila... se você não existisse, teríamos que inventar você. Mas chega de conversa. Vamos examinar esse tornozelo.  

Depois de alguns minutos, Lucas concluiu:  
— Foi um entorse de segundo grau. Seu tornozelo vai ficar imobilizado por três ou quatro semanas.  

Mila arregalou os olhos.  
— Vou poder andar?  

— Com muletas. E depois vai precisar fazer compressas de gelo e fisioterapia para fortalecer o músculo — explicou Lucas.  

Mila suspirou, aliviada.  
— Ainda bem que você fala a língua dos mortais, tio!  

Enquanto Lucas organizava os papéis, ele perguntou:  
— E agora? Como vai para casa?  

— Não sei — confessou Mila. — Você vai demorar muito por aqui?  

— Vou cobrir o plantão de um colega — respondeu ele.  

Mila sorriu maliciosamente.  
— Tio, acho que você precisa de M.A.  

— M.A.? O que é isso? — perguntou ele, confuso.  

— Medicólatras Anônimos! — ela disparou, rindo.  

Lucas balançou a cabeça, rindo também.  
— Ah, Mila... você é demais!  

Será que Lucas vai conseguir cumprir a promessa e compensar Mila? Ou ela continuará sendo sua sobrinha espirituosa que dorme sozinha? Não perca o próximo capítulo!  

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