domingo, 3 de março de 2013

Tempos de Colegial Capítulo 73

Laços que transcendem fronteiras 

O salão estava repleto de alegria quando Danile se posicionou para jogar o buquê. Todas nós, cada uma à sua maneira, contínhamos a expectativa do momento. Quando o buquê voou pelo ar, parecia que o tempo havia desacelerado, cada movimento capturado como em um filme. Eu estava bem na frente, com as mãos prontas para agarrar aquele símbolo de amor e felicidade, mas, no final, o destino pregou uma peça inesperada: o buquê caiu nas mãos de quem menos esperávamos. Ele caiu, justamente, nas mãos de Andreia.  

Sim, Andreia, a pessoa mais avessa a casamentos que eu conhecia. O choque foi imediato, mas logo ela sorriu e, com um gesto generoso, me entregou o buquê. Apesar da gentileza, não pude evitar sentir um pequeno temor. Será que a aversão dela a casamentos poderia trazer algum azar para o meu? Mas não, afastei esses pensamentos.  

A verdade é que eu não vou me casar ainda, e não é porque eu não queira. O motivo é o Kássio. Ele é tão racional e sempre quer ter certeza de tudo antes de tomar decisões. Por mim, já estaríamos casados, agora mesmo, vivendo nossos sonhos juntos. Às vezes me pergunto de onde ele saiu, esse homem tão especial. Ele é maduro, generoso, e sempre coloca o bem-estar dos outros em primeiro lugar. Definitivamente, eu tirei a sorte grande ao encontrá-lo. Talvez seja por isso que Euzi tenha tentado se aproximar dele. Mas ele é único, e quero estar ao lado dele por toda a minha existência.  

– Obrigada por me dar o buquê, Andy. – Disse, sorrindo com gratidão.  

Andreia deu de ombros, brincando. – Não foi nada, amiga. Ficar comigo seria um desperdício, afinal, eu jamais usaria.  

Olhei para ela com curiosidade. – Por que você não gosta de casamentos, Andy?  

Ela hesitou, como se estivesse revelando um segredo. – Não é que eu não goste. Eu finjo não gostar. A verdade é que eu tenho medo.  

– Medo de quê? – Perguntei, surpresa.  

Andreia abaixou o olhar, os olhos carregados de lembranças. – Medo de sofrer, de não encontrar a pessoa certa. Tenho medo de que aconteça comigo o mesmo que aconteceu com a minha mãe.  

– Como assim? A sua mãe é uma mulher tão forte, decidida, alegre. Eu não entendo.  

– Minha mãe já sofreu muito. Ela se casou aos quatorze anos de idade, com um homem mais velho. Ele a abandonou e fugiu com a própria sobrinha. Depois ela conheceu meu pai, e foi isso. O resto você já sabe.  

– Sei o quê? Eu não sei do que você está falando.  

– Sabe sim! Eu te contei que meu pai despachou a gente para essa cidade.  

– Se você contou essa história para alguém, com certeza, não foi para mim.  

Andreia suspirou, cansada das memórias. – Deve ter sido para a Euzi. A gente era muito amiga, antes de ela passar para o outro lado da força.  

Coloquei a mão no ombro dela, tentando confortá-la. – Não se preocupa, Andy. O que aconteceu com sua mãe não vai acontecer com você.  

– Não? – Ela perguntou, sua voz levemente trêmula.  

– Claro que não! Não é porque sua mãe só encontrou cafajestes que você vai encontrar cafajestes. E se não der certo com uma pessoa, é porque não era a pessoa certa para você. Não precisa ter medo, você vai ser muito feliz.  

Andreia sorriu, ainda que com os olhos marejados. – Obrigada, Emi. Você sempre diz o que a gente precisa ouvir.  

– Não foi nada. Eu adoro ajudar minhas melhores amigas. Agora vamos, a Dani já vai sair para a lua de mel.  

Danile se aproximou, visivelmente emocionada. – Meninas, vou sentir muita saudade de vocês.  

Eu segurei sua mão, tentando esconder a dor da despedida. – A gente também vai ficar morrendo de saudade.  

Márcia enxugou uma lágrima discreta. – Você ainda nem saiu e eu já estou com saudade.  

Andreia fez um último pedido. – Promete que vai ligar todos os dias?  

Danile sorriu, tentando manter o clima leve. – Prometo. Nem vai dar tempo de sentirem a minha falta.  

– Pode deixar que a gente cuida da tua mãe, faz companhia para ela, enquanto você estiver fora. – Acrescentei, tentando aliviar sua preocupação.  

Danile olhou para nós, com gratidão estampada no rosto. – Obrigada, meninas. Vocês são as melhores amigas do mundo.  

Voltei meu olhar para Marcelo, sério, mas gentil. – Cuida bem da nossa amiga, Marcelo.  

Ele sorriu, confiante. – Pode deixar.  

– Quero que você a faça muito feliz. – Declarei, com firmeza.  

Marcelo segurou a mão de Danile e respondeu com ternura. – Não se preocupe, Emi. Ao meu lado, ela será a menina mais feliz de todas.  

Andreia riu, mas com um tom de aviso. – É bom mesmo, senão você vai se ver com a gente!  

Dulce, que havia se juntado ao grupo, disse suavemente: – Eu não conheço vocês muito bem, mas desejo toda a felicidade do mundo a vocês.  

Danile e Marcelo agradeceram, sorrindo.  

Márcia interrompeu. – Vão logo, senão vão perder o voo!  

– Tchau! – Disse Danile, acenando.  

– Tchau! – Marcelo ecoou, antes de conduzir sua esposa.  

Enquanto os dois partiam para Cuba, onde Marcelo estudaria cinema, o amor entre eles brilhava com intensidade. Todos sabíamos que, apesar da distância e dos desafios, nossa amiga estava vivendo o início de um sonho. E, sinceramente, esperávamos que nada nem ninguém pudesse separá-los.  

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